domingo, 29 de novembro de 2009

21 gramas de incertezas

Road to nowhere by Melissanthi


Estava lendo uma matéria da revista IstoÉ, com o tema: "11 perguntas que os cientistas ainda não conseguem responder" e uma delas, se referia à "alma". Ou peso atribuído à "alma".
Foi o que afirmou o médico americano Duncan MacDougall, em 1907, quando quis comprovar a existência da alma. Sua teoria era que qualquer ser humano, não importando o tamanho ou a idade, perdia, na hora exata da morte, 21 gramas. O que para ele, seria esse, o peso da alma. Já para o neurologista Gilberto Fernando Xavier, "a alma nada mais é do que os bilhões de neurônios do cérebro alimentados pela formação cultural e toda sorte de informação que um indivíduo recebe durante a vida". Me identifico mais com a segunda hipótese.

Segundo os espíritas, nós, quando nascemos, somos possuídos por uma alma, a essência do que somos. Eles afirmam também, que esta mesma "alma" ou "espírito" que nos possui, que nos dá vida agora, já possuiu e deu "vida" a centenas de outros corpos antes. E que nós somos o resumo de todas as suas existências anteriores. Quando eu digo "suas", é porque a partir do momento em que não tenho consciência de que vivi vidas anteriores, a minha percepção de que pertenci, vivi em outros corpos, é muito abstrata. não consigo dizer "minhas existências" anteriores, se somos lacrados, formatados e zerados de qualquer remota lembrança de uma possível existência anterior, quando nascemos.

Então o que chamam "alma", ou "espírito", não poderia ser a nossa própria psique? A essência do que somos? A consciência de nós mesmos que pode advir do nosso ego, do nosso Id? um conjunto estruturado do cérebro humano que nos dá a identidade que temos, a percepção da nossa própria existência. Uma única e intransferível digital genética (nosso Id) que ganhamos ao nascer e que em conjunto com as experiências que adquirimos ao longo da vida, que como um "modulador", (nosso Ego) nos dá a exata medida do que somos e/ou nos tornamos à partir da genética cerebral primária, com a qual vamos construindo a nossa psique?

Eu me pergunto isso, porque não creio em reencarnação. Suponho que quando morremos, cerramos qualquer tipo de vida, incluíndo a extra-corpórea. O que mais me faz crer que o que existe é o aqui e agora, é muito mais uma questão matemática do que filosófica. Se existem hoje, muito mais corpos habitando o planeta, do que por exemplo, há 2 mil anos atrás, como então seria possível a "lei da reencarnação", onde se compreende que uma mesma alma que habita hoje um corpo, já habitou centenas de outros corpos no passado? Obviamente, há mais demanda de almas hoje - por existirem mais corpos - do que há 2 mil anos atrás. De onde vêm então, todas as "novas almas"? Pois seria impossível que continuassem sendo as mesmas. Decerto iriam sobrar muitos corpos a serem habitados...
Autor: Cynthia Kremer

sábado, 28 de novembro de 2009

Noturno - Antero de Quental

Vincent Van Gogh - Noite estrelada

Me é agradável saber que Antero de Quental era meu tio-trisavô por parte de mãe e que Eric Maria Remark era meu tio-avô por parte de pai. Só não me é agradável constatar que não herdei deles, o talento para escrever! Isto posto, justifico não colocar nada de minha autoria hoje. Falta total de inspiração! Resolvi recorrer então, a um verso de Antero de Quental, do qual gosto muito:

Noturno


Espírito que passas, quando o vento

adormece no mar e surge a Lua,

filho esquivo da noite que flutua,

tu, só, entendes bem o meu tormento...
Como um canto longínquo - triste e lento -

que voga e sutilmente se insinua,

sobre o meu coração que tumultua,

tu vestes pouco a pouco o esquecimento...
A ti confio o sonho em que me leva

um instinto de luz, rompendo a treva,

buscando entre visões o eterno Bem.
E tu entendes o meu mal sem nome,

a febre de Ideal, que me consome,

tu, só, Gênio da Noite, e mais ninguém.


(ANTERO DE QUENTAL)

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