21 gramas de incertezas
Foi o que afirmou o médico americano Duncan MacDougall, em 1907, quando quis comprovar a existência da alma. Sua teoria era que qualquer ser humano, não importando o tamanho ou a idade, perdia, na hora exata da morte, 21 gramas. O que para ele, seria esse, o peso da alma. Já para o neurologista Gilberto Fernando Xavier, "a alma nada mais é do que os bilhões de neurônios do cérebro alimentados pela formação cultural e toda sorte de informação que um indivíduo recebe durante a vida". Me identifico mais com a segunda hipótese.
Segundo os espíritas, nós, quando nascemos, somos possuídos por uma alma, a essência do que somos. Eles afirmam também, que esta mesma "alma" ou "espírito" que nos possui, que nos dá vida agora, já possuiu e deu "vida" a centenas de outros corpos antes. E que nós somos o resumo de todas as suas existências anteriores. Quando eu digo "suas", é porque a partir do momento em que não tenho consciência de que vivi vidas anteriores, a minha percepção de que pertenci, vivi em outros corpos, é muito abstrata. não consigo dizer "minhas existências" anteriores, se somos lacrados, formatados e zerados de qualquer remota lembrança de uma possível existência anterior, quando nascemos.
Então o que chamam "alma", ou "espírito", não poderia ser a nossa própria psique? A essência do que somos? A consciência de nós mesmos que pode advir do nosso ego, do nosso Id? um conjunto estruturado do cérebro humano que nos dá a identidade que temos, a percepção da nossa própria existência. Uma única e intransferível digital genética (nosso Id) que ganhamos ao nascer e que em conjunto com as experiências que adquirimos ao longo da vida, que como um "modulador", (nosso Ego) nos dá a exata medida do que somos e/ou nos tornamos à partir da genética cerebral primária, com a qual vamos construindo a nossa psique?
Eu me pergunto isso, porque não creio em reencarnação. Suponho que quando morremos, cerramos qualquer tipo de vida, incluíndo a extra-corpórea. O que mais me faz crer que o que existe é o aqui e agora, é muito mais uma questão matemática do que filosófica. Se existem hoje, muito mais corpos habitando o planeta, do que por exemplo, há 2 mil anos atrás, como então seria possível a "lei da reencarnação", onde se compreende que uma mesma alma que habita hoje um corpo, já habitou centenas de outros corpos no passado? Obviamente, há mais demanda de almas hoje - por existirem mais corpos - do que há 2 mil anos atrás. De onde vêm então, todas as "novas almas"? Pois seria impossível que continuassem sendo as mesmas. Decerto iriam sobrar muitos corpos a serem habitados...