- Quero -
Ouvindo-te dizer: Eu te amo, creio, no momento, que sou amado. No momento anterior e no seguinte, como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão que me amas, que me amas, que me amas.
Do contrário evapora-se a amação, pois ao não dizer: Eu te amo, desmentes, apagas teu
Exijo de ti o perene comunicado. Não exijo senão isto, isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por, e em tua palavra, nem sei de outra maneira a não ser esta de reconhecer o dom amoroso, a perfeita maneira de saber-se amado: amor na raiz da palavra e na sua emissão, amor saltando da língua nacional, amor feito som, vibração espacial.
No momento em que não me dizes: Eu te amo, inexoravelmente sei que deixaste de amar-me, que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido: Eu te amoamoamoamoamo, verdade fulminante que acabas de desentranhar, eu me precipito no caos, essa coleção de objetos de não-amor. "
(Carlos Drummond de Andrade)
Engraçado é que este verso lindo me lembra uma síntese sobre o
mesmo tema:
"Amar é temer perder. E todo drama de amor, se resume na desproporção entre a nossa infinita capacidade de amar e a capacidade finita do objeto amado em
dar..."
(Plínio Salgado)